NOTAS SOLTAS, INVERNO
O sol parece não aquecer nesta manhã. Dirijo pelas estradas poeirentas e esburacadas desta terra. A luz solar do inverno me fascina. A resiliência das gramíneas põe de joelhos meu coração. Passando por esses caminhos, não canso de admirar a quantidade de flores possíveis no inverno brasileiro, especialmente espalhadas pelo campo, nascidas sem que ninguém as tenha semeado e, quase sempre, nem sequer pare para as apreciar. São flores do mato, em geral, pequenas e despretensiosas. Dentre elas, não sei o que dizer das flores-de-são-joão... Nos barrancos e pelas encostas do caminho, encontrei-as amarelas e temperadas de poeira. Parei para vê-las de perto, porque não estava seguro de que eram realmente elas. São cornetinhas apinhadas, de uma delicadeza tal e beleza humilde que não entendo como os passantes podem ignorá-las.
por todo o caminho
suave ondular de cor —
florzinhas de inverno
capim de inverno —
sem som de vento ou palavra
diz-me: coragem!
Seishin
notas soltas,
diário de haiku