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Mostrando postagens de junho, 2023

NOITE DE SÃO JOÃO

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  Imagem Pixabay   noite de São João — de repente as estrelas vêm brilhar no chão   som de acordeão — constelação de fogueiras ao redor da serra   dorme o sanfoneiro — o crepitar da fogueira pela noite adentro   Esses três haicais são variações do mesmo tema, tendo fogueiras como assunto, embora um deles traga em primeiro plano a noite de São João iluminada por elas. As tradicionais festas juninas se dão em pleno inverno brasileiro. A maior delas é a festa de São João, um santo católico muito popular, comemorado em todo o Brasil, especialmente no Nordeste do país. Nessas noites há diversos festejos, com danças folclóricas e deliciosas comidas típicas. O acordeão ou sanfona é um instrumento musical muito tradicional naquela região do Brasil, absolutamente imprescindível às danças de quadrilhas. Nesse tempo, as pessoas acendem fogueiras em torno das quais se dão folguedos e brincadeiras com fogos de artifício. Como a fogueira é uma das mais fortes característica

DIÁRIO (fragmento)

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DIÁRIO  (fragmento) O que faz um haicai ser haicai e não outra coisa?   Resposta possível, mas que apenas tangencia a questão: o sabor.   Há muita teoria sobre isso. Você mesmo escreveu linhas que não servem para nada. É como tentar exprimir os gostos de banana, manga, café, brócolis, uva, cachaça, água. Quem provou, sabe. Embora nem todos gostem de tudo ou precisem experimentar todas as coisas. As coisas, porém, são o que são.   Se a sua mente estiver vazia, talvez você encontre o haicai. Talvez nunca escreva um, mas saberá seu sabor quando o encontrar. Algo vai tocar seu coração.   Para quem faz disso um caminho de vida, o melhor se dá quando já não é importante escrever um bom haicai. Não queira escrever um bom haicai. Apenas escreva. E não tema o julgamento de ninguém. Faça tudo com humildade, sem pretensão.   Um haijin não pode ser orgulhoso. Se houver um fio de orgulho em seu coração, não conseguirá compor um haicai digno de consideração.   Há aquela sente

O SOM DA CASCATA

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  Capa: Lilian Souza de Araújo O título deste livro foi extraído do verso secundário de um dos haicais de verão, aqui publicados. Em nota pessoal, para o referido haicai, escrevi naquela ocasião: “As folhas secas que vão se acumulando, ainda presas às bananeiras, têm o incrível som de água corrente, quando nelas sopra o vento do verão. Descobri isso hoje, 12 de janeiro de 2021, no nosso Eremitério de São José, em Piedade de Caratinga, Minas Gerais.” O vento de verão, no dicionário brasileiro de kigo “Natureza – Berço do Haicai”, de H. Masuda Goga e Teruko Oda, traduz-se nos verbetes “vento verde” (“vento não muito forte que sopra nos campos e regiões arborizadas, durante o verão; vento que parece brincar em meio à verde folhagem”) e “vento aromal” (“vento de verão que traz o cheiro da mata ou da terra; vento que cheira a capins, ervas ou gramíneas”). Quase todos os tercetos aqui enfeixados são inéditos, além de alguns já publicados na importante antologia “Lua de Outono” (Org.: Te