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Mostrando postagens de janeiro, 2022

VOO DE PASSARINHO

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  (Imagem Pixabay) – HAICAI – VOO DE PASSARINHO   A natureza e suas mudanças Sentir a natureza em suas mudanças não depende de estações bem definidas. Quando se pensa o contrário – se você está no Brasil, por exemplo, que é um país tropical – e não se liberta de uma vez por todas da fantasia de um haicai que precise de neve ou de flores de cerejeira para existir, fará cair em descrédito o que por convenção chamamos de haicai tradicional ou, como prefere Edson Iura, haicai sazonal brasileiro. [1] Aos próprios japoneses que aqui viviam, dizia o mestre Nenpuku: esqueçam a natureza do Japão. [2] É necessário aprender da natureza do Brasil, se você está no Brasil. Um dos momentos célebres da história do nosso haicai é aquele em que o mestre Goga explica “kigo” aos que não acreditavam ser possível poesia de estações em solo tupiniquim. [3] Sim, é possível. É possível aqui e em qualquer parte do mundo. Embora haja evidentes implicações nisso, o haicai não é aprisionado por

À SOMBRA DOS IPÊS

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  (Imagem Musskoff - Pixabay) À SOMBRA DOS IPÊS       Chão pleno de flor Na sombra do ipê-roxo — Saudade do pai       Esse haicai foi escrito para o amigo W. O. K., por ocasião do falecimento de seu pai, P. K. Em seu tributo foram plantados quatro ipês: um ipê-amarelo, um ipê-branco, um ipê-roxo e um ipê-rosa.     IPÊ-ROXO, O KIGO   A estação do haicai acima é inverno, pois IPÊ-ROXO é kigo de inverno, período de sua floração. Dito de modo simples, kigo é aquela palavra de estação que dá ao haicai seu sentido de ser. Ipê-amarelo e ipê-branco resultam em kigos de primavera. Já um ipê-rosa, tal como o roxo, é de inverno. IPÊ sem qualquer outra referência será sempre entendido como de primavera. A flor do ipê é oficialmente a flor nacional e símbolo da primavera brasileira. É a flor suprema para muitos haijins do Brasil, algo talvez equivalente à cerejeira (sakura) no Japão. Haijins são poetas de haicai, iniciados nessa arte, mestres ou discípulos do caminho d

FLORAL DE NEVE - Seishin

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  (Imagem Petra - Pixabay) floral de neve (INVERNO)   entre nevoeiro as velhas casas e a serra — a terra natal   fumaça de frio — a saudação matinal em poucas palavras   um mapa nas mãos — caminho em bifurcação desfeito na neve   a forte nevasca — no abrigo do vilarejo aula de aikidô   a neve nos Andes — fumaça de chaminé sobe sinuosa   imóvel o anzol — saltos de carpas ao longe neste lago frio     trens de Santiago — nos cimos da cordilheira só silêncio e neve   gravado na pedra um haiku à terra distante — dia do imigrante   fogueiras acesas — diversão de namorados ao som da sanfona   alta madrugada — no restinho da fogueira o velho se aquece   pio da coruja — no meio da madrugada a tosse do avô   um floral de neve — o caminho da montanha sob a luz da lua   noite de inverno — no relógio, indiferente o hototogisu   vento minuano — deitado entre papelões morador de rua  

VOO DA LIBÉLULA - Seishin

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  (Imagem Melanie - Pixabay) voo da libélula (OUTONO)   entre as hortaliças contas de um colar desfeito — gotas de rocio   jardim japonês — a dança do bambuzal na manhã de abril   festa de noivado — o caramanchão repleto de uvas maduras   um fado suave — nas ruelas de Coimbra a cor deste outono   placidez do lago — ah... o voo da libélula de asas translúcidas   quase uma carícia — no alvor do algodoal vento da tardinha   nuvens desta tarde — ao voo das maritacas certa nostalgia   quaresmeira em flor — austeridade e leveza da casa em ruínas   praça da estação — vão-se lentas uma a uma as folhas do plátano   no céu nublado da aldeia adormecida — lua desta noite   janelas de vidro — a prata do céu de outono na prata da casa   carrilhão silente — noite vazada de estrelas no pátio do claustro   um pedinte cego na escadaria do templo — a noite estrelada   a lua esperada — resplendo

VENTO DE AROMAS - Seishin

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  (Imagem Joshua Woroniecki - Pixabay) vento de aromas (VERÃO)   golpe de katana — em duas partes a gota da chuva estival   após o aguaceiro ainda mais fulgurante — pássaro-de-fogo   silêncio abissal — no horizonte em chamas branca flor de cacto   um tanque de guerra avança em tempo de paz — o escaravelho   o vento de aromas — a terra natal distante e suas lembranças   velho igarapé — iaupê-jaçanã boia em mornas águas   no vasto horizonte um baile de água e de luz   — zarpar dos coiós   raio fulminante — kireji do meu haicai antes do trovão   rios flutuantes — a passagem do verão pela minha terra   anjo e trombeta em mármore esculpidos — os brancos jasmins   velha e estreita rua para a zona do prostíbulo — a dama-da-noite   a noite de festa — o voo da mariposa na rota da luz   o céu e a terra num intercâmbio de estrelas — quantos vaga-lumes   o céu sobre a orla — na noite esc